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Peça de James Joyce mostra um triângulo amoroso de 100 anos atrás

20 set

Maurício Mellone, editor do Favo do Mellone site parceiro do Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

Ruy Guerra assina a direção de "Exilados"

Com direção de Ruy Guerra, Exilados traz uma discussão muito pertinente aos dias de hoje: traição, possessividade e ciúme nas relações humanas. Com André Garolli, Franciely Freduzeski e Álamo Facó

SÃO PAULO – Num momento em que o modelo tradicional de amor romântico está sendo cada vez mais questionado e posto em cheque, Exilados — que acabou de estrear no Teatro Nair Bello — chega em boa hora. O inusitado é que esta peça do escritor irlandês James Joyce foi escrita em 1918 e a ação se passa seis anos antes, portanto há exatamente 100 anos! E a discussão central do texto é extremamente atual: o casal Richard Rowan e Bertha, interpretados por André Garolli, Franciely Freduzeski, volta a Dublin depois de um período de exílio e retoma contato com o jornalista Robert Hand, vivido por Álamo Facó. Muito próximo de Richard, Robert tem verdadeiro fascínio pela bela esposa do amigo e entra em conflito interno, pois não sabe se dá vazão aos desejos ou se cumpre as convenções sociais do início do século XX. Já o escritor Richard é contra a possessividade entre as pessoas e mantém uma relação aberta e de total liberdade com Bertha, uma mulher de personalidade forte que chega a contestar os ideais defendidos pelo marido.

Com apenas algumas cadeiras de madeira, o cenário despojado —assinado por Marcos Flaksman— é ideal para a proposta do diretor Ruy Guerra de enfatizar o duelo de ideias e sentimentos dos personagens. As cenas são sempre em dupla: os dois amigos, o casal ou o jornalista e Bertha, os amantes. Há ainda a personagem de Cristina Flores, Beatrice, prima de Robert com quem na infância foram prometidos um para o outro; hoje ela é professora de música do filho do casal e nutre forte admiração por Richard, que mantém por ela um amor platônico, concretizado em sua obra literária. Bertha e Beatrice têm uma velada relação de ciúme e rivalidade. Continue lendo

SESI promove Nelson Rodrigues 100 anos

14 maio

Nanda Rovere, especial para o Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

Nelson Rodrigues (1912-1980)

SÃO PAULO – Em Comemoração ao centenário de nascimento do dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues, o SESI São Paulo está promovendo encontros, espetáculos teatrais, exposições, filmes  e leituras dramáticas.

Durante todo o ano, a programação, que tem a curadoria de Ruy Castro (autor da excelente biografia, O Anjo Pornográfico, sobre o autor), será levada às unidades do Sesi do da Grande São Paulo e interior. As leituras e espetáculos têm a direção de Marco Antonio Braz,especialista na obra rodrigueana (segundo ele, “o Bardo carioca”). Continue lendo

Núcleo de Dramaturgia SESI estreia o espetáculo Coração na Bolsa

22 mar

Nanda Rovere, especial para o Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

"Coração na Bolsa"

SÃO PAULO – Coração na Bolsa é dirigida pelo premiado Ruy Cortez e escrita por Marcus Leoni, autor do Núcleo de Dramaturgia Sesi – British Council. A peça entra em cartaz hoje, no Mezanino do Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso.

A peça traz ao palco artistas revelados pelo Núcleo de Dramaturgia SESI –
British Council e o Núcleo Experimental de Artes Cênicas do SESI-SP, comemorando quatro anos de atividades. Continue lendo

Um Tennessee excelente!

25 jan

Maria Lúcia Candeias, especial para o Aplauso Brasil

Ricardo Gelli e Tales Penteado em "Rosa de Vidro"

A releitura de João Fábio Cabral para a peça Zoológico de Vidro – traduzida por aqui como À Margem da Vida – sintetiza a obra com extrema competência e inclui, ao final, memórias do autor sobre visita feita à irmã alguns anos depois. Rosa de Vidro está em cartaz no SESC Consolação, terceiro piso.

Tennessee teve inúmeros textos montados com enorme sucesso na Broadway e depois transformados em filmes assistidos por milhões de espectadores em todo o mundo.

Os jovens possivelmente não o conheçam, pois morreu em 1986 e talvez tenha sido menos remontado do que merece. A obra que serviu de modelo para a releitura foi seu primeiro grande sucesso. Continue lendo

Cartas de um profundo olhar

22 abr

Ruy Jobim Neto, especial para o Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

“Procure o fundo das coisas: ali a ironia nunca chega”,

Poesia de Rilke no Viga Espaço Cênico

disse em determinado momento o escritor austro-húngaro Rainer Maria Rilke, em uma de suas cartas ao jovem poeta Franz Kappus, com o conhecimento consciente e doloroso das dúvidas do novato, com quem se correspondia, uma vez que Rilke, nascido em Praga, é considerado pela crítica e pelos fãs como o maior poeta a escrever em língua alemã.

O trecho pertence a Cartas a um Jovem Poeta, um exemplar raro e belo de um teatro epistolar, cujo processo começou em janeiro de 2008, e cuja montagem  chega ao Espaço Viga depois de uma temporada no SESC Avenida Paulista, antes da reforma do prédio.

A montagem é um trunfo triplo: da direção sensível de Claudio Cabral, da produção detalhista de Domingas Person e da arte maior do ator e co-diretor Ivo Müller, que interpreta Rilke no palco. Simplesmente brilhante.

A sensibilidade do público é colocada à flor da pele. Como arte teatral, as cartas formam um mosaico de discussões, pensamentos, lembranças e dores lancinantes da alma que Rilke nos deságua de forma magistral. As cartas foram publicadas pelo próprio correspondente, Franz Kappus, três anos após a morte de Rilke, mas o espetáculo não fica apenas nessa coleção de missivas ao novato. Continue lendo