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O teatro de Machado de Assis reunido em um só livro

24 dez

Luis Fabiano Teixeira, especial para o Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

Livro reúne peças de Machado de Assis

Ninguém discute que Machado de Assis é o maior escritor brasileiro, mas pouco ou quase nada sabemos sobre a sua dramaturgia, fase em que ele ainda não tinha pleno domínio do seu ofício. Foi no teatro que o Bruxo do Cosme Velho debutou, aos vinte anos, antes de se tornar um escritor consagrado e repleto de obsessões (a dúvida e o ciúme são as mais famosas). O fato de ser reconhecido como exímio romancista e contista apenas ofuscou o dramaturgo, mas o livro “Teatro de Machado de Assis”, edição organizada por João Roberto Faria, tenta, ao menos, lhe fazer alguma justiça. O volume traz onze peças que revelam esse “ensaio geral” da literatura machadiana e que merece ser conhecido.

Dentre as várias “alquimias” dramáticas do livro, as comédias merecem atenção especial, pois já esboçam uma das características mais marcantes do escritor: a ironia.

A primeira delas, Hoje avental, amanhã luva (1860) é o melhor exemplo de dinâmica de cena, onde cada palavra parece ter sido escolhida para compor cada diálogo. Continue lendo

Isabel Teixeira apresenta “risco cênico” no último mês de gestação

2 nov

Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)

“Objeto-Conferência para Inventário Inacabado”, na Casa Livre toda terça

SÃO PAULO – Sim, a atriz Isabel Teixeira, quem venceu o Prêmio Shell de Teatro (2008-SP) pela interpretação em “Rainha [(S)]…”, volta à cena no último mês de gestação de seu segundo filho. Quem dirige o que ela denomina de “risco cênico” é Cibele Forjaz quem, também, estará em cena. “Objeto-Conferência para Inventário Inacabado” estreia hoje, às 21h, na Casa Livre, sede da Cia. Livre.

A peça apresentada sempre às terças-feiras terá apenas seis apresentações na sede da Cia. Livre (patrocinada pela Petrobrás) e é uma co-produção desta com a Arquivivo Produções, de Isabel Teixeira, ex-integrante do grupo.

Segundo o material de divulgação, a dramaturgia da peça só se completa com a presença do público, daí a necessidade de abrir o espetáculo ao público antes mesmo de sua finalização. Continue lendo

Quando a tecnologia é a estrela da peça

16 jul

Por Fernanda Teixeira do FIT 2010
 

Peça de cia. canadense explora experiência sensorial

Destaque do Festival Internacional de Teatro de Rio Preto, o espetáculo  Os Cegos – Fantasmagorias Tecnológicas, do canadense Denis Marleau, da Ube Cie Theatre, com aprentação no dia 22, às 17h, traz um fato inusitado: não tem atores em cena.

 Assim, utiliza efeitos tecnológicos, com projeções dos personagens no palco. O espectador permanece na escuridão, em uma experiência singular e pode experimentar os sentimentos vividos pelos personagens. A platéia, formada por 72 espectadores, fica acomodada numa caixa preta em cima do palco. Parceria do SESC-SP com secretaria de Cultura de Rio Preto, o evento faz 10 anos agora em 2010.

FILO 2010: Kabul impacto com excesso de virtuosismo

22 jun

Michel Fernandes, do Aplauso  – à convite do FILO – Festival Internacional de Londrina

michel@aplausobrasil.com)

"Kabul", espetáculo da Amok Teatro

Por um lado temos um impacto, sem qualquer concessão, com os horrores cotidianos sofridos pelos afegãos sob a égide do regime Talibã, derrubado em outubro de 2001 pela Otan, em Kabul (RJ/ 2009) apresentado pela companhia carioca Amok Teatro; por outro, o espetáculo se torna cansativo e previsível com o acento excessivo no virtuosismo técnico dos intérpretes.

A vida de dois casais afegãos, vivendo sob o rigoroso e miserável regime imposto pelos Talibãs, em 1997, serve de pano de fundo para que se deflagre a estupidez do fanatismo, das incoerências da guerra, da demarcação entre os sexos masculino e feminino, entre outros. Continue lendo

Jogo entre Majestades volta a São Paulo

15 jan

Michel Fernandes, especial para o Último Segundo (michelfernandes@superig.com.br)

Maria Stuart (Isabel Teixeira) e Elizabeth I (Georgette Fadel) duelam em peça

Maria Stuart (Isabel Teixeira) e Elizabeth I (Georgette Fadel) duelam em peça

Depois de uma temporada lotada na Unidade Provisória do SESC Avenida Paulista, entre 2008 e 2009, seguida por apresentações por 35 cidades, somando 100 apresentações, o espetáculo Rainha [(S)] – Duas Atrizes em Busca de Um Coração, dirigido pela Majestade Cibele Forjaz (Um Bonde Chamado Desejo, Vem-Vai – O Caminho dos Mortos, Raptada Pelo Raio, entre outros), volta a São Paulo para curtíssima temporada no Tucarena, a partir deste sábado (16), 21h.

O ponto de partida de Rainha [(S)] é a obra-prima de Schiller, Maria Stuart (cuja versão original, protagonizada por Júlia Lemmerts e Lígia Cortez, pôde ser conferida no Teatro SESC Anchieta), mas apenas as rainhas rivais, Elizabeth I (Georgette Fadel) e Maria Stuart (Isabel Teixeira, Prêmio Shell de Teatro de São Paulo, edição de 2008, como Melhor Atriz), enfrentam-se nessa arena em que o poder é o centro de todos os medos, de todos os desejos, de toda máquina do opressor versus oprimido.

Presa há 20 anos na corte inglesa e, agora, condenada à decapitação por votação unânime na Câmara dos Lordes e Câmara dos Comuns da corte inglesa, Maria Stuart realiza na ficção o que nunca consegui na realidade: encontrar-se com a rainha Elizabeth I. Além do encontro criado por Schiller, Rainha [(S)] utiliza o recurso metalingüístico, ou seja, as atrizes que interpretam as rainhas narram as partes não encenadas da trama, desnudam os truques utilizados em cena, como o talco que embranquece os cabelos de Maria, sem, no entanto, perder o vigor encantatório em cenas dialógicas ou nos monólogos plenos de lirismo e auto-questionamentos. Continue lendo