Manoel Candeias*, especial para o Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)
SÃO PAULO – Neste brilhante artigo de Manoel Candeias, escrito pós temporada em Lisboa (Portugal) em estudos para sua tese de doutorado ele, ao assistir a um monólogo do grupo alemão Volksbühne, traça pertinente reflexão acerca da temática e modus operandi entre a companhia alemã e o teatro brasileiro, utilizando, inclusive, fatos recentes como a ocupação da Funarte e posições de grupos como o Oficina Uzyna Uzona para estimular a reflexão dos leitores.
Volksbühne e o teatro brasileiro
Em 2011 morei por oito meses em Lisboa, em decorrência de estudos que tive de fazer para meu doutoramento. Nesse período, assisti a montagens teatrais bastante diversificadas. Desde revistas feitas à moda tradicional, a trabalhos de grupo, dos quais destacaria o coletivo O Bando, cuja linguagem evidencia um longo trabalho de apuramento. No entanto, chamou-me atenção especial a apresentação que o grupo teatral alemão Volksbühne fez na capital portuguesa. Porque era artisticamente interessante, claro, mas, sobretudo, porque levantou questões que ganharam relevância para mim após alguns acontecimentos na cultura do Brasil, conforme comentaremos.
Comecemos pela montagem do Volksbühne
Ich schau dir in die Augen, gesellschaftlicher Verblendungszusammenhang! (traduzido como Olho-te nos olhos, contexto de ofuscação social!) é um espetáculo solo, escrito e dirigido por René Pollesch, protagonizado por Fabian Hinrichs, ator que esteve no elenco de algumas das montagens apresentadas pelo grupo no Brasil. Essas assinadas por Frank Castorf, diretor da companhia. Continue lendo