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Volksbühne e o teatro brasileiro

11 fev

Manoel Candeias*, especial para o Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

Volksbühne

SÃO PAULO – Neste brilhante artigo de Manoel Candeias, escrito pós temporada em Lisboa (Portugal) em estudos para sua tese de doutorado ele, ao assistir a um monólogo do grupo alemão Volksbühne, traça pertinente reflexão acerca da temática e modus operandi entre a companhia alemã e o teatro brasileiro, utilizando, inclusive, fatos recentes como a ocupação da Funarte e posições de grupos como o Oficina Uzyna Uzona para estimular a reflexão dos leitores.

Volksbühne e o teatro brasileiro

Em 2011 morei por oito meses em Lisboa, em decorrência de estudos que tive de fazer para meu doutoramento. Nesse período, assisti a montagens teatrais bastante diversificadas. Desde revistas feitas à moda tradicional, a trabalhos de grupo, dos quais destacaria o coletivo O Bando, cuja linguagem evidencia um longo trabalho de apuramento. No entanto, chamou-me atenção especial a apresentação que o grupo teatral alemão Volksbühne fez na capital portuguesa. Porque era artisticamente interessante, claro, mas, sobretudo, porque levantou questões que ganharam relevância para mim após alguns acontecimentos na cultura do Brasil, conforme comentaremos.

Comecemos pela montagem do Volksbühne

Ich schau dir in die Augen, gesellschaftlicher Verblendungszusammenhang! (traduzido como Olho-te nos olhos, contexto de ofuscação social!) é um espetáculo solo, escrito e dirigido por René Pollesch, protagonizado por Fabian Hinrichs, ator que esteve no elenco de algumas das montagens apresentadas pelo grupo no Brasil. Essas assinadas por Frank Castorf, diretor da companhia. Continue lendo

Novelo faz radiografia sobre o homem contemporâneo

1 nov

Maurício Mellone* (aplauso@gmail.com)

"Novelo" faz quarta temporada no Viga Espaço Cênico

Com texto de Nanna de Castro e direção de Zé Henrique de Paula, a peça é o reencontro no saguão de um hospital de cinco irmãos após saberem que um homem na UTI pode ser o pai que os abandonou há 20 anos

SÃO PAULO – Em sua quarta temporada (a estreia foi no ano passado), Novelo, em cartaz no Viga Espaço Cênico, surpreende de imediato. O público entra na sala de exibição e os cinco atores já estão em cena; detalhe: todos com agulhas e linha tricotando (literalmente) cachecol, echarpe e blusa. E melhor ainda, com desenvoltura e firmeza!

Só depois de todos se acomodarem e apagadas as luzes da plateia é que a peça de Nanna de Castro tem prosseguimento. São cinco irmãos que aprenderam a tricotar com a mãe e estão no saguão de um hospital público depois de serem chamados porque um homem foi espancado e levado à UTI; esse homem, que tinha no bolso da calça os telefones dos rapazes, pode ser o pai que os abandonou há mais de 20 anos. Continue lendo

Fernanda Montenegro emociona Zé Celso

3 out

Redação do Aplauso Brasil (aplauso@gmail.com)

O ator, diretor e autor José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso

Deu no Blog do Zé Celso: Ao ser convidada pelo cantor, compositor e escritor brasileiro Eric Poète – que escreve um compêndio literário “com retratos biográficos de artistas brasileiros. Para isso pediu à Fernanda Montenegro um depoimento sobre a minha pessoa, e meu trabalho no Oficina Uzyna Uzona. A grande Dama da Arte do Poder do Teatro escreveu o texto que segue, ao qual eu respondo, também em seguida:”, escreveu, emocionado Zé Celso.

Entre os elogios que, CLICANDO AQUI, você lê na íntegra, a atriz escreveu que ”

A partir do Bexiga e do Oficina(esses espaços, no meu entender, são um só) o Zé se espraiou por muitas zonas e muitas gerações. Desse Bexiga, o Zé nos imprime o desassossego mais provocador, mais tonitruante, mais triunfante de São Paulo.

Nossa Grande Dama do Teatro, Fernanda Montenegro

O Oficina (o Zé) dá ao Bexiga a dimensão de seu amor à vida e projeta esse bairro à altura da Cidade e do País.

Ele nunca usou black-tie

2 maio

Afonso Gentil, especial para o Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

José Renato Pécora morre aos 85 anos

Esse JOSÉ RENATO nunca precisou (nem quis) usar o black-tie cultural (leia-se marketing) para provar que, em matéria de teatro, a tônica é arregaçar as mangas e ordenar “Ação!”.

Desde que se formou na 1a. Turma do Curso de Interpretação na EAD (Escola de Arte Dramática) de São Paulo, em 1950, José Renato não parou um minuto: quando não estava em Paris como assistente de expoentes do teatro da época, como Jean Vilar e René Clair, ou na Itália, desvendando com Giorgio Sthreller  os segredos dos palcos, sua primeira iniciativa (que ficaria como um marco do teatro paulista) foi importar dos Estados Unidos uma nova modalidade de espaço de representação teatral: a arena, com os tensos atores rodeados por uma desconfiada platéia de chiques do velho TBC. Isso aconteceu no Museu de Arte Moderna, exatamente no dia 11 de abril de 1953.

O estranhamento dessa estreia, não intimidou o pragmático encenador, que algumas montagens  e um ano depois inaugurava o Teatro de Arena, esse mesmo da rua Teodoro Baima.

Os primeiros anos do novidadeiro Arena foram de respeitável repertório internacional, que incluiu os franceses Marcel Achard e Molière, Pirandello (O Prazer da Honestidade e Não Se Sabe Como), Tennessee Williams (À Margem da Vida), e John Steinbeck, com seu denso Ratos e Homens (consta que, numa noite, chegando atrasada, uma amiga da atriz Riva Mimitz, desconhecendo o espaço cênico, foi direto abraçá-la efusivamente, gafe que só percebeu ao  olhar ao redor …). Continue lendo

Teatro dá adeus a José Renato

2 maio

Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)

O Teatro murcho: morreu Zé Renato

Uma das figuras mais importantes da História do Teatro Brasileiro, o ator e diretor José Renato, um dos fundadores do Teatro de Arena, morreu na madrugada de domingo (1º) para segunda-feira (2), quando ia embarcar para o Rio de Janeiro, como faz sempre após o espetáculo em que estava em cartaz, Doze Homens e Uma Sentença.

Ele deixa um importante legado teatral como a primeira montagem, em 1958, de Eles Não Usam Black-tie, e a criação/ manutenção do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE.

Abaixo segue o texto que o jornalista, ator e companheiro de cena em Doze Homens…, Oswaldo Mendes, escreveu sobre Zé Renato. Continue lendo

Diversão inteligente é a proposta da encenação de "Cândida"

30 jan

Maurício Mellone, para o site Favo do Mellone, parceiro do Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

Comédia de Bernard Shaw, com Bia Seidl no papel título,

Sérgio Mastropasqua e Bia Seidl em "Cândida"

permanece em cartaz até final de março, no Teatro Augusta

Montagem do Núcleo Experimental, Cândida, comédia clássica do irlandês Bernard Shaw, está de volta ao Teatro Augusta depois de quatro temporadas na capital e de turnê pelo país. A peça já viajou por 19 cidades, com mais de 200 sessões e um público estimado de 50 mil espectadores; permanece em cartaz até o dia 27 de março.

Sob direção de Zé Henrique de Paula, que também assina figurino e cenografia, Cândida foi escrita em 1895 e discute o casamento, insinuando inclusive um triângulo amoroso. Tudo acontece num único dia, quando o reverendo Morell, interpretado por Sergio Mastropasqua, está à espera de sua esposa Cândida (Bia Seidl) que estava de viagem. Ela chega, mas traz consigo Eugenio Marchbanks (Thiago Carreira), um poeta sensível, de apenas 18 anos.

O marido é apaixonado pela esposa e o garoto também se revela um admirador da bela senhora, que por sua vez sente-se atraída por ambos. Continue lendo

Oficina apresenta repertório e celebra “Teatro de Extádio”

17 dez

Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (

"Taniko - O Rito do Mar" abre as "Dyonisíacas 2010"

)

Durante todo o ano de 2010, o grupo liderado por José Celso Martinez Corrêa, o Oficina Uzyna Uzona, viajou por sete capitais brasileiras realizando quatro peças de seu repertório –“Taniko – O Rito do Mar”, “Estrela Brazyleira a Vagar – Cacilda!!”, “Bacantes” e “O Banquete” -, além de realizar oficinas e vivências artísticas, sendo todas as atividades gratuitas.

De volta a São Paulo, ou “Sampã” como denominam os “atuadores” (termo que define os intérpretes do Oficina) do grupo, lugar em que iniciaram as “Dyonisíacas em Viagem 2010” em maio deste ano, eles celebram o sucesso das viagens com direito a um tira-gosto do que será o Teatro de Extádio.

As oficinas oferecidas onde o grupo passou, chamadas Uzynas Uzonas, tiveram papeis fundamentais ao grupo. Além de servir como introdução ao sistema de trabalho do Oficina Uzyna Uzona, os oficineiros vivenciaram o trabalho da trupe liderada por Zé Celso participando como coreutas nos espetáculos apresentados.

Segundo a atriz Camila Mota, que faz parte da diretoria do grupo, essas oficinas gratuitas, seguidas das participações dos oficineiros nos espetáculos, resultaram em experiências bastante ricas, tanto para eles quanto para os atuadores do Oficina Uzyna Uzona. Continue lendo

Side Man evidencia as agruras da profissão dos artistas

30 jun

Kiko Rieser, especial para o Aplauso Brasil

"Side Man", em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso

O processo de feitura de uma obra de arte é premido por diversas circunstâncias que não concernem somente ao criador, mas que dizem respeito ao mundo mercantil em que a obra se inserirá. Profissão difícil e preterida pelos grandes poderes políticos e econômicos, a arte sempre passa por enormes dificuldades para conseguir se sustentar e se divulgar.

Em formas de manifestação artística mais artesanais, como o teatro, é muito comum um espetáculo chegar a ser inviabilizado por falta de dinheiro. Diversos artistas acabam precisando de uma profissão paralela para se manter e muitos dos que não a têm passam por inúmeros momentos de incerteza quanto a um futuro próximo, sempre sujeitos às instabilidades de um mercado exíguo e, muitas vezes, paternalista.

Quem vê uma obra de arte pronta pode não imaginar tudo que a envolve, não conseguindo, deste modo, vê-la em sua completude. Torna-se mister, portanto, evidenciar ao público leigo o que há por trás do mundo muitas vezes idealizado que cerca a arte e os artistas, tarefa essa que cumpre o espetáculo Side Man.

O ator Otávio Martins

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Alberto Guzik escreveu sobre os 50 anos do Teatro Oficina

28 jun

O queridíssimo Alberto Guzik

Tive a honra de contar com a participação de Alberto Guzik nos primórdios do Aplauso Brasil, e, numa humilde homenagem de quem admira e se desespera com a impressão de que podia fazer mais, re-publico o que, considero uma pérola, dentre tantas que produziu, em que escreveu sobre os 50 anos do Teatro Oficina. Evoé, Alberto!

Zé Celso: Trajetória de coerências e inquietações

Alberto Guzik, especial para o Aplauso Brasil

Ver os trabalhos de Zé Celso Martinez Correa tem sido para mim, como para muitos outros espectadores, ao longo dos últimos quarenta e tantos anos, um caminho de aprendizado traçado na coerência.

O projeto que, desde sua criação – em fins dos anos 1950 – na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, vem sendo executado pelo teatro Oficina e por seu mentor, Zé Celso (José Celso Martinez Corrêa), impressiona pela organicidade que extrai da diversidade. Continue lendo

Zé Celso e Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona esquentam os motores para o Festival Dionisíacas em Viagem

29 abr

Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)

TANIKO abre o FESTIVAL DIONISÍACAS EM VIAGEM

Com espetáculos e oficinas, o grupo Oficina Uzyna Uzona, liderado por José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, esquenta os motores a partir de hoje com apresentações – apenas duas semanas – das peças que compõe o repertório do Festival Dionisíacas em Viagem que percorrerá oito estados brasileiros, sendo a primeira delas Taniko, um clássico do nô japonês, com abela interferência “bossa-nova”, dada por Zé Celso.

Será a primeira turnê, em mais de 50 anos de Oficina, em viagem com quatro espetáculos de seu recente repertório – Taniko, Bacantes, Cacilda!! – Estrela Brazyleira à Vagar e O Banquete de Platão – em que o Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona e oficinas de troca. Continue lendo